Microagulhamento – Muito além de simples “furinhos”

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Microagulhamento – Muito além de simples “furinhos”

Category : Notícias 2016

O microagulhamento, ou terapia de indução de colágeno vem sendo cada vez mais utilizada, mostrando – se uma terapêutica cada dia mais promissora para o tratamento de diversas afecções estéticas.

É uma técnica segura e extremamente eficaz, quando executada por profissional com capacitação técnico – científica.

Pode ser utilizada com o conceito de drug delivery (entrega de princípio ativo) e/ ou ainda, como uma terapia para indução de síntese de colágeno através da injúria provocada. Esta tem grande vantagem sobre o laser de CO² fracionado (técnica que anteriormente era muito utilizada para indução de síntese de colágeno), pois, mantém a integridade epidérmica, sem ablação, com manutenção da hidratação da pele (pois não há vaporização de água, como no CO² fracinado), menor tempo de down time e em muitos casos,  sem down time, menor risco de hiperpigmentação pós inflamatória.

O microagulhamento é indicado para estrias, rugas, flacidez tissular, cicatrizes, alopecia e ainda como citado anteriormente, como potencializador de permeação uma vez que promove micro canais que permitem um melhor aproveitamento dos princípios ativos, potencializando a permeação desses. Estudos citam que a técnica vem sendo amplamente utilizada para os casos de hiperpigmentação em associação com princípios ativos clareadores e despigmentantes (esses são utilizados previamente para preparar a pele para o procedimento – com intuito de inibição da melanogênese).

O procedimento consiste na perfuração do estrato córneo sem remoção da epiderme. Para a perfuração é utilizado um equipamento denominado roller, de polietileno, com um tambor que contém entre 190 e 540 micragulhas (em aço inoxidável e estéril), que rola sobre a pele. O tamanho das agulhas varia de 0,2 mm a 3 mm. Cada comprimento de agulha causa uma injúria que, vai de leve a profunda.

O roller é de uso único e deve ter registro na ANVISA.

Roller de 0,2  até no máximo 0,5 mm, são utilizados para a terapia capilar (para estes casos, os estudos trazem a propostas de utilização de rollers de 0,3 mm), de 0,2 a 0,5 mm são utilizados para rugas finas, melhora da textura e brilho da pele e drug delivery (porém, quando se tem conhecimento técnico científico e prepara-se a pele, fazendo um afinamento da camada córnea, o profissional consegue causar uma injúria maior) causando uma injúria leve,  os rollers de 1 a 1,5 mm provocam uma injúria moderada, tendo indicação para flacidez tissular, rugas médias e rejuvenescimento e os rollers entre 2 a 3 mm, causam injúria profunda (indica-se que os cosméticos que sejam utilizados associados a estes s de agulha sejam estéreis), com indicação para cicatrizes e estrias.

Um estudo mostra a capacidade de potencialização do drug delivery através da representação com fluorescência dos micro canais antes do procedimento. No pós imediato do procedimento, quatro horas pós procedimento, até 24 horas do procedimento. Neste estudo, observa-se seu maior potencial para drug delivery entre o momento do microagulhamento até a quarta hora pós procedimento. Após a quarta hora de procedimento, os micro canais existem porém, iniciam a contração para o fechamento destes.

Quando usamos a técnica com a intensão de drug delivery podemos usar ativos hidratantes, clareadores, fatores de crescimento, antioxidantes, ativos lipolíticos (para corporal), estimuladores de crescimento de pelo (este assunto será abordado em outra postagem) ou qualquer ativo que desejemos potencializar a permeação. A permeação dos ativos é potencializada em até 80%, segundo autores.

Quando atingimos derme papilar e derme reticular, saímos do conceito de apenas de drug delivery, pensamos então em, reparação tecidual. Lembrando que o conceito de reparação tecidual é o que temos na estética pois, conseguimos ter um maior controle quando comparado a um processo cicatricial (neste não temos controle algum e, desta forma, podemos ter resultados inestéticos).

Ao causar a injúria, estimulamos a instalação do processo inflamatório. Esta fase é de suma importância pois, libera grande quantidade de citocinas, impedindo a proliferação de bactérias.

Segundo o estudo de Lima, Lima e Takano (2013), o microagulhamento tem seu mecanismo de ação dividido em três etapas: injúria, reparação tecidual e remodelamento.

A injúria inicia-se com a perda da integridade da epiderme (desagregação de queratinócitos), permitindo a liberação de interleucina -8 (IL – 8), interleucina 6 (IL – 6), TNF α, GM – CSF e interleucina 1α (IL-1α). As citocinas promoverão uma vasodilatação dérmica, além da migração dos queratinócitos para restauração da epiderme.

Na fase segunda fase, proliferativa ou de reparação do tecido, ocorre a troca de neutrófilos por monócitos, ocorrendo a angiogênese (formação de novos capilares sanguíneos), epitelização e proliferação de fibroblastos, com síntese de colágeno tipo III, elastina, GAGs (glicosaminoglicanos) e proteoglicanos. Simultaneamente, os monócitos liberam fatores de crescimento TGF-α e TGF-β. A média de tempo para que esse reparo ocorra é de 5 dias, tempo que a matriz de fibronectina estará completa viabilizando o depósito de colágeno abaixo da camada basal da epiderme.

E, findando este processo, entramos na terceira fase (fase de maturação ou remodelamento), na qual ocorrerá uma lenta substituição do colágeno tipo III, pelo colágeno tipo I.

Iniciamos hoje, uma exploração breve do microagulhamento porém, como sempre digo, nenhuma técnica é milagrosa. Desta forma, logo trataremos das associações de técnicas e princípios ativos ao microaguhamento. Personalização de programa de tratamento eis o caminho!

Até breve,
Dra. Paula França

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