Criolipólise: Entenda o processo de redução da gordura
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A criolipólise é uma técnica de tratamento indicada para gordura localizada, isso mesmo LIPODISTROFIA LOCALIZADA e não obesidade ou sobrepeso.
Apenas para relembrar, IMC (Índice de Massa Corpórea), referências para adultos:
– Abaixo de 18,5: abaixo do peso ideal;
– Entre 18,5 e 24,9: peso ideal;
– Entre 25 e 29,9: sobre peso;
– Acima de 30: obesidade (que pode ser classificada em grau I, II ou III).
Para calcular o IMC divida a o peso pela altura elevada ao quadrado.
É importante determinarmos se o paciente/ cliente está com o peso na média ideal para sua altura para que façamos a correta indicação do tratamento da lipodistrofia localizada. Além de estar no peso ideal, o paciente/cliente selecionado para a utilização da técnica de criolipólise, deve ter uma prega cutânea de pelo menos 3 cm, no adipômetro. Isso evita complicações e intercorrências no procedimento.
O paciente/cliente que tem indicação para a criolipólise deve estar dentro da faixa de normalidade de peso e, deve ter uma prega cutânea mínima de 3 cm (na área indicada para o tratamento).
Mas… vamos ao assunto que nos trouxe para este texto, CRIOLIPÓLISE.
A técnica é indicada como dito anteriormente, para o tratamento de lipodistrofia localizada ou como é popularmente conhecida, gordura localizada.
Esta é caracterizada pelo resfriamento do tecido adiposo ou tela subcutânea com temperaturas que segundo os estudos devem estar entre -5 e -15 ºC. Esse resfriamento causa uma paniculite lobular, que provoca a indução da apoptose dos adipócitos da área tratada.
É uma técnica não invasiva, que utiliza um equipamento que se acopla a pele através da pressão negativa (expressa em kPA (kilopascals) – que deve ser utilizada com muita prudência para que não ocorra sofrimento do tecido, causando isquemia e posteriormente necrose tecidual). A literatura indica o uso de uma pressão negativa que varia de 30 a 80 kPA. O que vai determinar a quantidade de pressão negativa a ser usada é a quantidade e densidade da gordura, no local de tratamento.
A manopla ou aplicador, tem um formato côncavo, o qual receberá a prega cutânea. Neste aplicador, estão localizadas a s placas de Peltier que são responsáveis pelo resfriamento do tecido.
Para a proteção da pele, é necessária a utilização de uma membrana protetora (que deve ter ANVISA), esta membrana contém glicerina liquida e fluído anti congelante.
Agora que falamos sobre o equipamento e sobre como acoplar, vamos a explicação fisiológica da técnica.
Ao acoplar a manopla, as placas de Peltier extraem o calor do local de tratamento, proporcionando um intenso resfriamento local. Este resfriamento é muito mais intenso na tela subcutânea ou hipoderme.
Após esse resfriamento intenso, instala-se a paniculite lobular.
O processo: O início da resposta inflamatória à partir de marcadores histológicos ainda é discutida, acredita-se que acontece após 24 horas de submissão do paciente ao procedimento, para alguns autores, porém, a grande maioria considera seu início dentro de 3 dias, com picos em torno de 14 dias, e fagocitose de até 30 dias. Os restos do processo inflamatório bem como os lipídeos são seguramente metabolizados no prazo de 90 dias (Avram et al., 2009; Nelson et al. 2009; Jewell, Solish, Desilets, 2011; Zelickson et al., 2009; Avram et al., 2009; Nelson et al. 2009; Coleman KM, Coleman WP III; Benchetrit, 2009).
A apoptose ( que justifica a redução de até 30% da gordura localizada, na área tratada), ocorre como parte de um processo normal, muitas vezes é um benefício para o organismo, tendo em vista que atua como um mecanismo de defesa. A célula recebe um sinal para se autodestruir, reduz seu tamanho, quebra a cromatina em pedaços e se torna facilmente fagocitada (Parolin, Reason, 2001; Grivicich, Regner, Rocha, 2007; Paula, Viegas, Silva, 2002). Esta se inicia logo que o tecido é resfriado a 0º C
Os principais efeitos colaterais são: dor, eritema, edema, hematoma, equimose, dormência, ligeira a moderada disestesia transitória nos nervos periféricos, (Jewell, Solish, Desilets, 2011; Ferraro et al., 2012; Zelickson et al., 2009; Nelson et al. 2009; Coleman et a.,2009; Mulholland, Paul Chalfoun, 2011).
Estudos adicionais sugerem que a criolipólise tem pouco ou nenhum efeito em tecidos adjacentes à zona de tratamento, tendo em vista que os adipócitos são mais susceptíveis e sensíveis a apoptose induzida pelo frio do que outras estruturas anatômicas, como vasos, nervos, músculos e derme (Jewell, Solish, Desilets,2011; Ferraro, 2012; Zelicksonet al., 2009; Coleman et a.,2009;Mulholland, Paul, Chalfoun, 2011).
É importante ressaltar sobre as associações imediatas (estas serão discutidas posteriormente com mais detalhes) pois, elas se tornam perigosas pois a intensificação deste processo inflamatório pode desencadear a CRIOGLOBULINEMIA (outra situação que será discutida detalhamente em um outro texto) mas esta, traz risco iminente de isquemia tecidual e consequente necrose tecidual.
As associações podem ser feitas porém, no tempo certo e da maneira correta.
Lembrando que o sucesso de qualquer tratamento inicia na correta indicação, que se faz eficaz com uma correta avaliação. E a execução com responsabilidade e conhecimento técnico/científico.
Forte abraço,
Paula França
REFERÊNCIAS
Bacelar, Vanessa Correia Fernandes, et al. Importância da crioterapia na lipólise. Fisioter. Brás 6(2): 151-156, mar. – abr. 2005.
Ferraro, G. A. et al. Synergistic Effects of Cryolipolysis and Shock Waves for noninvasive Body Contouring. Aesth Plast Surg. 36:666–679, 2012.
Fonseca, Miriam H. et al. O Tecido Adiposo omo Centro Regulador do metabolismo. Arq Bras Endocrinol Metab, vol. 50, nº. 2. Abril, 2006.
Jewell, Mark L.; Solish, Nowell J.; Desilets, Charles S. Noninvasive Body Sculpting Technologies with an Emphasis on High-Intensity Focused Ultrasound. Aesth Plast Surg. 35:901–912, 2011.
Avram, Mathew M. et al. CryolipolysisTM for Subcutaneous Fat Layer Reduction. Lasers in Surgery and Medicine 41:703–708, 2009.
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Mulholland, R. Stephen; Paul, Malcolm D.; Chalfoun, Charbel. Noninvasive Body Contouring with Radiofrequency, Ultrasound, Cryolipolysis, and Low-
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Coleman, Sydney R et al. Clinical Efficacy of Noninvasive Cryolipolysis and Its Effects on Peripheral Nerves. Aesth Plast Surg. 33:482–488, 2009.
PAROLIN, Mônica Beatriz; REASON, Iara J. Messias. Apoptose como mecanismo de lesão nas doenças hepatobiliares. Arq. Gastroenterol., vol.38, n.2, pp. 138-144, 2001.
GRIVICICH, Vana; REGNER, Andréa; ROCHA Adriana Brondani da. Morte Celular por Apoptose. Revista Brasileira de Cancerologia; 53(3): 335-343, 2007.
PAULA, Kênia M. da; VIEGAS, Paula B.; SILVA, Paula G. Apoptose para o Bem e para o Mal. Revista de Biologia e Ciências da terra. Volume 2 – Número 2, 2002.
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ZELICKSON, Brian. Cryolipolysis for Noninvasive Fat Cell Destruction: Initial Results from a Pig Model. Dermatol Surg. ;35:1462–1470, 2009.