Fibro Edema Gelóide – Celulite

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Fibro Edema Gelóide – Celulite

Category : Notícias 2016

O Fibro Edema Gelóide (FEG), conhecido popularmente como celulite, pode ser descrito como um processo distrófico que envolve modificações macro e micro estruturais, dos elementos presentes na epiderme, derme e hipoderme.

Ocorre sobretudo,  nas mulheres (Hesxel et al, 2012), trazendo alterações no relevo cutâneo. As alterações no relevo da pele podem ser comparados à casca de laranja ou queijo cottage (Afonso, Tucunduva, Pinheiro & Bagatin; Adatto, Adatto-Neilson, Servant et al., 2010; Godoy & Godoy, 2011; Hexsel & Mazzuco, 2013). A interpretação das formas, baseia – se na caracterização das alterações morfológicas encontradas tanto na análise micro quanto macroscópica dos tecidos acometidos, como também através dos gêneros e pelas perturbações locais do sistema vascular.

A alteração do relevo cutâneo, envolve modificações morfológicas, histoquímicas, bioquímicas e ulta estruturais nos adipócitos, além de alterações na derme e na microcirculação (Hexsel, Dal’forno & Cignachi, 2006). O fibro edema gelóide é uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo subcutâneo, não inflamatório, seguida da polimerização da substância fundamental, que infiltrando nas tramas, produz uma reação fibrótica consecutiva (Guirro & Guirro, 2004; Menezes, Silva, & Ribeiro, 2009; Brandão, Almeida, Silva, Oliveira & Pitangui, 2010). Clinicamente, o FEG apresenta-se em forma de nódulos ou placas de localização e extensão variadas e um espessamento não inflamatório das camadas subepidérmicas, às vezes, com quadro álgico (Valls, Queiroz, Meneghetti & Giusti, 2012).

Para designar este quadro existem diferentes termos utlizados, na tentativa de adequar o nome as alterações histomorfológicas, entre os quais, Lipodistrofia, Lipoedema, Fibro edema gelóide, Hidrolipodistrofia, Hidrolipodistrofia ginóide,  Paniculopatia edemato-fibroesclerótica, Paniculose, Lipoesclerose Nodular, Lipodistrofia Ginoide ( Guirro & Guirro, 2004; Milani, Filho & João, 2008; WilflingsederRusse & Russe, 2009; Khan et al., 2010; Krupek & Mareze-da-Costa, 2012). No entanto, de acordo com Guirro & Guirro (2004), o termo que melhor se enquadra para descrever a disfunção é o Fibro Edema Gelóide. Tendo em conta à vasta nomenclatura existente e ausência consensual sobre à mesma, muitos autores optam por manter o termo “celulite” pois é bastante difundido mundialmente tanto por profissionais como pela população em geral , apesar de ser etimologicamente incorreto (Meyer, Lisboa, Alves & Avelino, 2005; Hexsel et al., 2006).

Durante o processo celulítico ocorre uma modificação da substância fundamental amorfa do tecido conjuntivo, produzindo uma reação fibrótica consecutiva que, em graus mais avançados, pode evoluir para esclerose. Em decorrência dessas alterações, ocorre uma compressão contínua dos elementos do tecido conjuntivo, entre eles, terminações nervosas. Com este quadro histopatológico, compreende-se, facilmente, a aparência nodulosa inestética na epiderme e a presença de dor à palpação desproporcional à pressão exercida ou mesmo sem motivo externo. Assim, o FEG, além de ser desagradável aos olhos do ponto de vista estético, ocasionando problemas de ordem psicossocial, originados pela cobrança dos padrões estéticos dos dias atuais, pode, ainda, acarretar problemas álgicos nas zonas acometidas e diminuição das atividades funcionais. Portanto, se de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o indivíduo só é saudável quando possui um equilíbrio biopsicossocial, então o fibro edema gelóide já pode ser considerado um problema de saúde.

Até os dias de hoje a classificação da celulite segue o proposto por Nurnberger e Muller em 1978, classificação de fácil metodologia, sendo classificada conforme sua apresentação clínica: (NURNBERGER; MULLER, 1978).

Grau I: A celulite só é visível através da compressão do tecido ou da contração muscular voluntária.

Grau II: Compressões visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos.

Grau III: O grau de acometimento pode ser visto com o indivíduo em qualquer posição, sendo característico o aspecto de casca de laranja ou acolchoado.

Grau IV: Apresenta as mesmas características do grau III, porém com nódulos palpáveis, visíveis e dolorosos e aderência nos níveis profundos.

Soriano, Perez e Baques (2002), contemplam quatro tipos d e FEG, são eles: FEG dura ou compacta (acomete mulheres jovens e praticam atividade física), FEG edematosa (de consistência viscosa e pastosa, com nódulos), FEG flácida (tecido oscilante e esponjoso, tecido  flácido, musculatura atrófica, sendo mais comum em mulheres de meia idade) e, FEG mista (apresenta a associação das citadas acima).

Por se tratar de uma afecção multi – fatorial e para que seu tratamento tenha resultados positivos, é necessária uma avaliação detalhada envolvendo toda propedêutica da anamnese e do exame físico. Hoje, existem recursos como termografia, ultra som com doppler, ressonância magnética, entre outros exames que podem ser auxiliares na avaliação porém, fora a termografia, quase não são utilizados devido seu alto custo e pouco impacto no resultado dos tratamentos.

Os recursos terapêuticos para o tratamento da FEG são amplamente estudados e variam desde a utilização de roupas com tecidos tratados com infravermelho longo, passando por recursos manuais, eletroterapêuticos e em casos de FEG grau IV, pode ser realizado um procedimento médico denominado subcision (técnica feita por profissionais médicos para romper as traves fibróticas).

A drenagem linfática é de grande importância no tratamento do FEG, diante do quadro de estase sanguínea e linfática. Esta técnica consiste em captar o liquido intersticial excedente que originou o edema e evacuá-lo em direção aos corredores de reserva ganglionares, mantendo, dessa forma o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais.

As roupas com tecidos tratados que liberam infra vermelho longo em contato com o calor corporal, auxiliam na drenagem linfática, tem indicação de uso por 8 horas diariamente.

O uso do ultra-som no tratamento do FEG está vinculado à sua capacidade de fonoforese, além de promover neovascularização com consequente aumento da circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas e melhora das propriedades mecânicas do tecido (Guirro et all., 2002). Normalmente, trata-se a celulite com fonoforese, utilizando o ultra- som de 3 MHz no modo continuo (em virtude de maior ação tixotrópica). O efeito tixotrópico relacionado ao ultra-som fornece a ele a capacidade de transformar coloide gel em sol. Na pratica verificamos que o ultra som é capaz de “amolecer” (transformar em estado gelatinoso) substâncias em estado de maior consistência. Esse efeito permite o aumento da elasticidade tecidual e a diminuição de consistência tecidual fibrótica (Borges, 2006).

Carboxiterapia atua na microcirculação vascular do tecido conectivo, promovendo uma vasodilatação e um aumento da drenagem venolinfática. Com a vasodilatação, melhora-se o fluxo de nutrientes entre eles, as proteinases necessárias para remodelar os componentes da matriz extracelular e para acomodar a migração e reparação tecidual (Parassoni; Varlaro, 1997). Além da atuação na membrana adipocitária e alteração na curva de dissociação da hemoglobina com o oxigênio (efeito Bohr), esta ação lipolítica oxidativa atua diretamente no FEG, aumentando a viscosidade, estase vênulo-capilar com hipo-oxigenação e consequente sofrimento do adipócito, levando a lipogênese e hipertrofia (Brand ET AL ,2004,2001).

Radiofrequência através da vasodilatação promove melhora da circulação local e consequentemente melhora da oxigenação do tecido, atua ainda na firmeza da pele quando associada a flacidez tissular.

Outras terapêuticas como a intradermoterapia, endermoterapia, bandagem elástica, fototerapia e associação cosmética (essa imprescindível para manutenção em casa), entre outras, contribuem para o sucesso do resultado.

Ressaltando que, não há milagres e sim parceria, profissional da estética com seus recursos terapêuticos e cliente/paciente contribuindo com atividade física, hábitos alimentares regrados e saudáveis, uso dos cosméticos e nutricosméticos conforme indicação do profissional trazem resultados satisfatórios.

Embasamento técnico – científico, trabalho em parceria com seu cliente/paciente = resultados satisfatórios!!!

Até breve, luz para todos….
Paula França

REFERÊNCIAS:

Adatto, M., Adatto-Neilson, R., Servant, J., Vester, J., Novak, P., & Krotz, A. (2010). Controlled, randomized study evaluating the effects of treating cellulite with AWT/EPAT. Journal of Comestic and Laser Therapy; Early Online, 1-7.

Afonso, J.P. J. M., Tucunduva, C. M., Pinheiro, M. V. B., & Bagatin, E. (2010). Celulite: artigo de revisão. Surgical & Cosmetic Dermatology, 2(3), 214-219.

Avram, M. M. (2004). Cellulite: a review of physiology and treatment. Journal Cosmetic Dermatology Therapy, 6, 181-185.

BORGES, Fabio dos Santos, Revista fissioterapia ser- ano 3. Out/Nov/dez-2008. BLOME D W. Endermologie:its use in the cosmetic surgical pratice. Cosmetic Dermatology 1999; 30- 36.

BRAND ,ET AL Carbon dioxide therapy inthe tratamento localized adiposities: clinical study and histopathological correlations 2001

Godoy, J. M. P. & Godoy, M. F. G. (2011). Treatment of cellulite based on the hypothesis of a novel physiopathology. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology, 4: 55-59.

Hexsel, D. & Mazzuco, R. (2013). Celulite. Cosmetic Dermatology, VI, 220,63-66, Springer-Verlag Berlin Heidelberg.

Bagatin, E., Miot, H. A., Soares, J. L. M., de Barros Junior, N., & Talarico, S. (2013). Long-Wave Infrared Radiation Reflected by Compression Stockings in Treatment of Cellulite: A clinical Double-Blind, Randomized and Controlled study. International Journal of Cosmetic Science, 35, 502-509.

Brandão, D. S. M., Almeida, A. F., Silva, J. C., Oliveira, R. G. C. Q., & Pintagui, A. C. R. (2010). Avaliação da Técnica de Drenagem linfática Manual no Tratamento do Fibro Edema Gelóide em Mulheres. Conscientae Saúde, 9(4): 618-624.

Bravo, B. S. F., Issa, M. C. A., Muniz, R. L. S., & Torrado, C. M. (2013). Tratamento da lipodistrofia ginóide com radiofrequência unipolar: avaliação clínica, laboratorial e ultrassonográfica. Surgical Cosmetic Dermatology, 5, (2), 138-144.

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Godoy, J. M. P. & Godoy, M. F. G. (2011). Treatment of cellulite based on the hypothesis of a novel physiopathology. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology, 4: 55-59.

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Menezes R.C, Silva,S.G., & Ribeiro, F.R. (2009). Ultra-som no Tratamento do Fibro Edema Gelóide. Revista Inspirar, 1, (1), 9-13.

Meyer, P. F., Lisboa, F. L., Alves, M. C., & Avelino, M. V. (2005). Desenvolvimento e Aplicação de um Protocolo de Avaliação Fisioterapêutica em pacientes com Fibro edema Gelóide. Fisioterapia em Movimento, 18 (1), 75-83.

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PARASSONI . VARLARO, La Carbossiterapia: una metódica in evoluzione. 1997.

SORIANO, MC; PEREZ, SC; BAQUES, MC. Eletroestética Profissional Aplicada: teoria e prática para utilização das correntes em estética. Barcelona: Sorisa, 2002.